Você já ouviu falar sobre neuroimunomodulação?

Você deve estar se perguntando, o que é neuroimunomodulação? Vamos lá: É a ciência que estuda as interações entre o comportamento, as funções neurais, endócrinas e os processos imunes.

Para entendermos a neuroimunomodulação é essencial termos em mente o velho clichê da “observação do organismo como um todo”. Nosso sistema nervoso e imunológico evolui conforme as adversidades pelas quais passamos. É só lembrarmos de como ficamos menos estressados quando estamos de férias, em um ambiente com poucos estímulos de irritabilidade. Ou de quantas vezes já ficamos doentes antes ou depois de uma prova. Agora, como será o organismo de uma pessoa que passa anos sujeita à uma pressão equivalente à que sentimos antes das provas?

O primeiro, e considerado o mais relevante, trabalho que abordou a relação entre o Sistema nervoso central (SNC) e o sistema imunológico (SI), é o do Hans Seyle. Nele, Seyle mostrou que quando se pega um animal e o coloca exposto a vários fatores nada agradáveis (frio, agressões a pele, muito exercício e substâncias tóxicas) ocorre mudanças no SNC e o SI. Por exemplo, notou-se que surgem úlceras gástricas, hipertrofia das glândulas adrenais e atrofia dos órgãos linfóides. Quando a gente para pra interpretar esses achados, percebemos que faz muito sentido com o que experimentamos antes do vestibular, por exemplo. Quem nunca teve, ou conhece alguém que teve, dores no estômago quando está nervoso, a famosa “gastrite nervosa”. Ou ainda, ficou com dor de garganta, gripado, ou qualquer outra doença relacionada a uma imunidade baixa? E as glândulas adrenais hipertrofiadas? Quando lembramos que essas glândulas são as responsáveis pela produção de várias substâncias, como a adrenalina, faz sentido ter uma hipertrofia da glândula em uma situação dessas, né?

Depois desse estudo de Seyle, a neuromodulação se tornou um campo de pesquisa com resultados cada vez mais impressionantes. Inúmeros estudos - que fizeram os ratinhos sofrerem- mostraram a relação da neuromodulação com a asma, o câncer, o recém-nascido e etc. Inclusive, tem um estudo brasileiro que mostra como o sistema imunológico do ratinho fica debilitado só de ver outros ratos sofrerem choques.

Tá legal, ta bacana, mas o que isso nos interessa na prática?

Vários trabalhos estão mudando nossa forma de ver os tratamentos para o câncer por exemplo. Estão descobrindo que o uso de psicofármacos, de forma correta, ajuda em MUITO a diminuir o tamanho de alguns cânceres.

Também estão percebendo que tratamentos religiosos, meditação e outras atividades integrativas fazem esse link do SNC com o SI. Assim, surgiu uma definição do SI, feita por Blalock, de que o SI é um sistema sensorial adicional -um sexto sentido :) - que ajudaria o SNC a receber e processar as mensagens que os outros sentidos não trariam para o nosso corpo.

No meio de todas essas novidades, perceberam que era comum aos animais em teste, comerem menos, diminuir sua auto limpeza, andar menos e outras características quando estavam doentes. Esse fenômeno foi chamado de "Comportamento doentio". Mais uma vez, perceberam que o SNC e o SI estão se comunicando de alguma forma. Assim, começaram a tratar os animais doentes com terapias para o SNC, como um ambiente agradável, psicofármacos e outros. Adivinha? Eles se curaram muito mais rápido do que os animais que não receberam esse carinho dos pesquisadores.

Enfim, neuroimunomodulação é um assunto que ainda vai trazer muita coisa nova pra gente, independente da área da saúde que você decida trabalhar. Pra saber um pouco mais vamos deixar o link de uns artigos daora. Pra quem tá precisando dar uma lembrada, vamos deixar uma apostila que dá uma revisada bacana no SNC e no SI (sempre tem algo que a gente esquece, né?). Vai ter o link de umas perguntas, é bom responder para saber o que tá faltando estudar mais. Boa sorte!!

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